quarta-feira, 28 de maio de 2014

Dia Mundial da Esclerose Múltipla - 28 de Maio


A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença auto-imune que causa inflamação do sistema nervoso central.

Existe evidência científica da relação de baixos níveis sanguíneos de Vitamina D (VD) com o desenvolvimento da EM. A distribuição geográfica da EM demonstra aumento da prevalência em latitudes altas, o que está relacionado com a intensidade do sol.

Em Portugal a Direcção Geral de Saúde apresenta um estudo epidemiológico “Esclerose Múltipla – conhecer e desmitificar” com objectivo de determinar a prevalência e a avaliação do conhecimento da população sobre esta doença. Este estudo estima que existem cerca de 4.287 indivíduos diagnosticados com EM em Portugal. A prevalência da EM é de 54 casos por 100.000 habitantes. No Norte da Europa e nos EUA a prevalência é de 100 a 180 casos por 100.000 habitantes.

O que achamos relevante neste estudo é o desconhecimento da população portuguesa sobre esta doença e como ela se manifesta. Os primeiros sintomas podem ser inespecíficos e arrastados, como a fadiga, tonturas, dores musculares, perda ligeira da sensibilidade e problemas visuais. Este desconhecimento, pode implicar atraso no diagnóstico e tratamento e, está demonstrado que a EM tratada precocemente pode ter melhor prognostico.

Os efeitos secundários da medicação convencional podem trazer complicações e falta de adesão à terapêutica. A comunidade médica em geral não está sensibilizada para a necessidade de tratar a deficiência de VD.

O Protocolo do Prof. Dr. Cicero Galli Coimbra, usa altas doses de VD para tratar doenças auto-imunes, entre elas a EM. A VD em altas doses é um potente anti-inflamatório e restaura o sistema imunológico. Esta terapêutica tem dado provas de ser segura e com resultados positivos no alívio dos sintomas, na melhoria da qualidade de vida e em alguns casos leva à remissão da doença.
Existem estudos que demonstram que a VD pode ser associada com a medicação convencional.

Na nossa Clinica, aplicamos este protocolo há pouco mais de 1 ano e meio, e já começamos a ver resultados positivos na maior parte dos doentes que recorrem a esta terapêutica.
Em alguns dos doentes mais jovens e que iniciaram o tratamento muito precocemente têm a doença em remissão. Em doentes em estados avançados, os benefícios da VD são marcantes, sobretudo a nível da força muscular, o que permite uma reabilitação funcional mais intensa e com melhores resultados.

Neste dia, 28 de Maio, também é bom reflectir sobre os benefícios dos suplementos com VD, na prevenção da deficiência em grupos de risco como a mulher em idade fértil e que pretende engravidar, em crianças e adolescentes. Estudos científicos recentes demonstram, que o estado da VD na grávida tem influência na imunidade futura do recém-nascido.

Toda a equipa da Clinica Cristina Sales deseja a todos os doentes com EM e seus familiares cuidadores, uma boa recuperação.


Filomena Vieira
Médica

terça-feira, 20 de maio de 2014

Vitamina D e o risco de cancro hepatocelular

A Vitamina D (VD) está relacionada com variadíssimos processos biológicos e existe evidência científica actual que tem um papel importante no desenvolvimento e progressão do cancro do fígado.

O cancro hepatocelular (HCC) é a forma mais comum de cancro do fígado, com elevada taxa de mortalidade, e tem vindo aumentar na população europeia.

A revista Hepatology, de 20 de Fevereiro 2014, publica um estudo, intitulado ”Pré–diagnostico dos níveis de Vitamina D e risco de carcinoma hepatocelular em populações europeias”, demonstrando que baixos níveis de VD podem aumentar o risco de HCC.
O estudo abrangeu 520.000 participantes europeus entre os anos 1992 e 2010.
Os autores após análise dos dados referentes à idade, sexo, resultados das colheitas de sangue e local de estudo, concluíram que níveis elevados de VD no pré- diagnostico de HCC estão associados a 49% de redução de risco de desenvolver esta doença.

Nas populações da Europa Ocidental os níveis de VD são inversamente associados ao risco de HCC. Esta conclusão não sofre alteração depois dos ajustes realizados com os biomarcadores já existentes, como infeção por vírus de Hepatite B ou C, e não modificáveis pelo índice da massa corporal ou hábitos tabágicos.

Outro estudo publicado pela revista “Aliment. Pharmacol Ther.” de Março 2014, demonstra que  a deficiência de VD está relacionada com mau prognóstico para os doentes que sofrem de carcinoma hepatocelular. Este estudo, decorreu durante 322 a 1508 dias, realizado em 200 doentes, com diagnóstico confirmado de HCC, e desses, 60 faleceram durante o tempo de observação. A média de VD, medido no sangue destes doentes foi de 17ng/ml (normal 30 a 100ng/ml) no início do estudo. Os doentes com deficiência severa tiveram mortalidade elevada. Baixos níveis de VD estão associados a aumento da mortalidade por HCC independentemente de outros fatores de risco encontrados.
Fonte:
Hepatology, 2014 FEV.20.doi:1002/hep.27079.
Aliment.Pharmacol.Ther.2014 Mar;39(10):1204-12.doi:10.1111/apt.12731.Epub 2004 Mar 29
 
Filomena Vieira
Médica

terça-feira, 13 de maio de 2014

A vitamina D reduz as dores de crescimento das crianças

As dores de crescimento das crianças são dores recorrentes nos membros inferiores muito frequentes que ocorrem no final do dia e à noite. O diagnóstico é feito por exclusão de outras doenças.
Alguns autores consideram que estas dores são devidas um crescimento rápido, que normalmente antecede a puberdade.

A deficiência em vitamina D (VD) é muito frequente em crianças e há autores que consideram que estas dores podem ser causadas por uma menor densidade óssea, como resultado de um baixo nível de VD.

Em estudo recente, com 33 crianças, com idade média de 8 anos, com queixas de dores de crescimento, submetidas a estudos para avaliar densidade óssea, VD, paratormona, fosfatase alcalina e fração óssea, classificaram as crianças segundo o nível de VD apresentado, no sangue:

- Com VD suficiente (igual ou superior a 30ng/ml)
- Com VD insuficiente (entre 20 a 30ng /ml)
- Com VD deficiente (inferior a 20ng/ml)
- Com deficiência severa de VD (inferior a 10ng/ml)
Às crianças com VD suficiente não foi dado suplemento. Às crianças com VD insuficiente foi dado suplemento de VD, 25.000 UI, oral 1 vez por mês durante 3 meses. Às crianças com deficiência foi dado suplemento de VD, 100.000 UI 1 vez por mês durante 3 meses. Às crianças com deficiência de VD severa foi dada 100.000 UI injectável 1 dez por mês durante 3 meses. Todas mantiveram suplementos de VD durante 24 meses (o estudo não revela qual a dose).

Os autores reavaliaram as crianças aos 3 e aos 24 meses e comprovaram neste estudo que a terapêutica com VD melhorou significativamente as queixas dolorosas e em 8 crianças as dores desapareceram completamente. Verificaram que a densidade óssea melhorou em todas elas.
 
Filomena Vieira
Médica

terça-feira, 6 de maio de 2014

Vitamina D e Hipertensão Arterial

A HTA é uma doença crónica causada por uma forte pressão exercida pelo sangue sobre as paredes das artérias. Existem fatores de risco modificáveis como o estilo de vida, a dieta, a obesidade, o tabaco, a diabetes e a falta de exercício físico e outros factores não modificáveis como a idade e o sexo. É uma doença mais comum nos homens, na população idosa, podendo haver história familiar. A melhor forma de a diagnosticar é medi-la com regularidade.

Pode ser assintomática e levar a graves complicações como ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, perda de visão, doença renal, e doença arterial periférica. Por vezes podem surgir crises hipertensivas com sintomas graves como: dores de cabeça, hemorragia nasal, dificuldades respiratórias e ansiedade severa.

Estudos têm demonstrado a existência de receptores de VD nas células musculares da parede das artérias e a VD parece controlar o desenvolvimento destas células e prevenir a perda da elasticidade e a redução do interior dos vasos.
A VD actua no sistema renina–angiotensina,  responsável pelo aumento da TA , apesar de não se saber como este sistema fica activo.

Algumas experiências têm demonstrado que doentes hipertensos que tomam suplementos de VD, têm redução da tensão sistólica (máxima), mas não da diastólica (mínima) e para cada aumento de 10ng/ml de VD, no sangue, corresponde uma redução do risco de desenvolver HTA em 12%.
Indivíduos com elevados níveis de VD têm uma redução de 30% de desenvolver HTA.

Os autores do artigo recomendam: “Se quer prevenir a HTA ou já sofre da doença e quer evitar complicações, tomar 10 000 UI de VD não lhe causa nenhum problema. A exposição solar ajuda a regular a pressão arterial no seu corpo”.

Ainda não está demonstrado que a VD  isoladamente, previna e trate a HTA.
Filomena Vieira
Médica