terça-feira, 29 de outubro de 2013

Deficiência de Vitamina D e Insuficiência Cardíaca

A Insuficiência Cardíaca (IC) é multifatorial, e consiste na incapacidade do coração bombear o sangue. Afeta a qualidade de vida dos pacientes e provoca intolerância ao exercício físico, por disfunção do ventrículo esquerdo. É considerada uma doença fatal.
Os pacientes estão confinados ao domicilio, tendo reduzida exposição solar, que associada a má absorção de nutrientes, sofrem do risco aumentado de deficiência de Vitamina D.

Baixos níveis de Vitamina D estão associados a maior prevalência da disfunção do miocárdio, morte por IC e morte súbita. Esta doença é mais frequente em indivíduos com mais de 60 anos, normalmente associada ao envelhecimento, mas pode surgir em jovens, na forma de cardiomiopatia congénita.

Um estudo publicado no American Heart Journal, em Agosto de 2013,  demonstra  que a suplementação  com 2000 UI de Vitamina D, por dia, durante 6 semanas, baixa a atividade da renina-angiotensina, melhorando consideravelmente a sintomatologia, dando melhor qualidade de vida a estes doentes.

Os autores defendem que a deficiência de calcitriol (1,25 –dihidroxivitamina D, 1,25 OH D2) componente mais ativa da Vitamina D, pode contribuir para  o desenvolvimento da insuficiência cardíaca,  por: desregular a PTH (paratormona) e o sistema renina angiotensina (SRAA), bloquear o sistema imune e aumentar a proteína C-quinase (PKC). Está relacionada com hipertrofia e morte das células musculares cardíacas, provocando arritmias, disfunção mitocondrial, stress oxidativo,  insuficiência renal e retenção de líquidos.
A hipovitaminose da Vitamina D está associada a mau prognostico no transplante cardíaco.

Na nossa opinião, na maioria das doenças consideradas próprias do envelhecimento, como a osteoartrose, doenças cerebrovasculares, diabetes tipo 2, demências, problemas cognitivos, depressão, pode existir uma deficiência grave de Vitamina D.O doseamento sanguíneo da Vitamina D deve fazer parte dos exames de rotina neste grupo etário. Na nossa experiência a suplementação adequada de Vitamina D contribui para o envelhecimento saudável e activo.
 
Filomena Vieira

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Diminuição de risco do cancro do pulmão com suplementação de vitamina D

128 779 mulheres pós-menopausa que estavam a ser seguidas num outro estudo designado Women’s Health Initiative foram avaliadas no que respeita à suplementação de vitamina D e cancro do pulmão. O Estudo foi publicado no American Journal of Clinical Nutrition

Entre as 128 779 senhoras estudadas, 1771 desenvolveram cancro do pulmão.
Os investigadores verificaram em retrospectiva, que entre as não fumadoras, as que tomavam 800 Unidades Internacionais de vitamina D tiveram 63% menos risco de desenvolvimento de cancro do pulmão, quando comparadas com as que tomavam apenas 100 Unidades Internacionais de vitamina D.

Verificaram também que o risco de cancro do pulmão diminuiu 31% nas senhoras que tomaram 1000 mg de cálcio e 400 Unidades Internacionais de Vitamina D diariamente mas não nas que faziam a mesma suplementação e ainda juntavam mais de 1000 Unidades Internacionais de Vitamina A.
Portanto a suplementação de vitamina D e cálcio pode diminuir o risco de desenvolvimento de cancro do pulmão e as dosagens de outros suplementos nomeadamente vitamina A devem ser muito bem ponderados.

Saiba aqui a que horas e quanto tempo deve apanhar sol para produzir vitamina D ao longo do ano e lembre-se de alimentos com cálcio: amêndoas, legumes de folha escura, algas, lacticínios, sementes de sésamo. Pondere suplementação com os profissionais que o acompanham.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Estudo promissor para o tratamento da Esclerose Múltipla com Vitamina D

A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença auto imune debilitante, por vezes com sintomas não específicos (fadiga, perda do equilíbrio, distúrbios de visão transitórios, problemas de memoria, …) que atrasam o diagnóstico. Para a maior parte dos doentes a doença é diagnosticada por volta dos 30 anos, aos 40-50 necessitam de apoio para caminhar e nos casos mais severos, aos 60 anos podem ficar totalmente dependes (acamados).

A Universidade de Wisconsin-Madison, em Agosto 2013, publicou os resultados da investigação efectuada pela equipa dirigida pela Prof.ª Colleen Hayes, sobre o tratamento  da EM com vitamina D  em modelo animal (ratos). Os investigadores utilizaram Calcitriol que é a hormona mais activa da Vitamina D.
Como o Calcitriol tem efeitos secundários, e após várias experiências, deram apenas 1 dose de Calcitriol seguida de suplementos de vitamina D na dieta e este método foi considerado um sucesso pois 100% dos ratos reponderam positivamente.  

Demonstraram que o Calcitriol reverte a doença e pode causar remissão sustentada da EM.

Neste estudo, a equipa da Profª Hayes compara o tratamento da Vitamina D com os corticosteróides que se usam nas fases agudas da doença (tratamento dos surtos) e verificaram que o calcitriol induz a remissão dos sintomas ao 9º dia, em 92% dos ratos, em relação aos 58% com corticosteróides.

Os tratamentos convencionais têm benefícios modestos e a não travam a progressão da doença.

O Calcitriol provoca a morte das células auto-imunes que atacam a mielina enquanto a vitamina D previne a desregulação de novas células auto-imunes, segundo os autores do estudo.
Este estudo pode ser promissor para os humanos, mas enquanto os ratos são geneticamente homogéneos, os humanos são geneticamente diferentes e têm reacções diferentes.
O passo seguinte será aplicar este estudo em humanos e se o tratamento funcionar, futuramente os doentes em fases precoces da EM, poderão nunca ter o diagnóstico oficial da doença.


Filomena Vieira
Médica

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Revisão sobre a segurança da suplementação diária de vitamina D

Na revista Nutrition foi publicado um estudo que fez uma revisão sobre a segurança da toma diária de suplementos de vitamina D.

As publicações analisadas demonstram que doses diárias de 600 a 800 UI (unidades internacionais) são insuficiente para atingir e manter concentrações de vitamina D saudáveis (hidroxiergocalciferol + hidroxicolecalciferol >75 nmol/L).

Maximização dos efeitos fisiológicos no sistema musculoesquelético, sistema nervoso central e periférico, sistema cardiovascular, sistema respiratório, pele, olhos, dentição, imunorregulação e metabolismo só são possíveis com doses mínimas de 1500 UI.

Suplementação até 10 000 UI de vitamina D não produz sinais nem sintomas de toxicidade e são seguros para a população em geral. Assim, mesmo que queira ter um factor de segurança de 5 vezes, pode tomar uma dose de 2000 UI.

Doses até 10 000 UI são seguras e maximizam benefícios fisiológicos.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Avaliação da relação da vitamina D e taxa de suicídio em militares

Diversos estudos epidemiológicos demonstram que a taxa de suicídio de diversos países é maior na Primavera - quando o nível de vitamina D é mais baixo. Sabendo que a vitamina D afeta a função cerebral, um estudo publicado no Plos One foi verificar se níveis baixos de vitamina D pode ser um fator de risco para suicídio.
O estudo foi efetuado em militares e foram usadas amostras de sangue que tinham sido recolhidas no máximo 24 meses antes da data de suicídio. O departamento de defesa em questão guarda amostras de sangue dos seus militares e por cada caso de suicídio foi também considerada uma amostra controlo.
Mais de 30% de todos os indivíduos avaliados tinham valores de vitamina D abaixo de 20 ng/mL e efetivamente os que apresentavam níveis mais baixos apresentaram um risco mais elevado de cometer suicídio.
São necessários mais estudos, mas parece que a vitamina D deve ser avaliada em diversos profissionais que apresentam profissões de risco, como é o caso dos militares, onde o suicídio é frequente. A suplementação como forma de correção de níveis baixos deve ser devidamente implementada.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Medição de níveis de vitamina D na osteoporose

A vitamina D tem um papel fundamental na manutenção de ossos saudáveis e de um correto metabolismos do cálcio. A sua deficiência não só causa ossos mais fracos por consequência de hiperparatiroidismo mas também por alteração da mineralização óssea. Assim, na presença de deficiência de vitamina D o risco de fraturas aumenta.

Um artigo publicado no Clinical Calcium, um jornal científico japonês, discute esta problemática e conclui que é necessário um nível de vitamina D acima de 30ng/mL. Assim, recomenda-se que todos os médicos peçam a medição dos níveis de vitamina D. Neste país a análise de vitamina D não é comparticipada, mas estão a ser esforços para que passe a ser.

A suplementação de vitamina D diminui a incidência de fraturas em indivíduos com osteoporose e níveis baixos da vitamina em questão.
Assim, todas as intervenções na osteoporose devem passar primeiro pela confirmação do valor de vitamina D e sua correção, não só no Japão, mas em todo o mundo.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Europa central preocupada com níveis de vitamina D

Esperemos que outros países sigam o exemplo da Polónia cuja comunidade médica está preocupada com os níveis de vitamina D da população da Europa central. O assunto foi debatido numa conferência através de um Comité Científico denominado “Vitamina D: mínimo, máximo, ótimo”. O Comité incluía profissionais de saúde de todo o mundo.

Sabe-se que um nível adequado de vitamina D é fundamental para a saúde óssea, metabolismo cálcio-fósforo, bem como para a função de diversos órgãos e tecidos incluindo o sistema imunitário. As tendências atuais de estilos de vida, hábitos alimentares, exercício físico parecem estar cada vez mais associados a níveis baixos de vitamina D e a diversos problemas de saúde.

O problema começa a chamar a atenção dos profissionais de saúde da Europa central e foi esse o assunto debatido pelo comité polaco que reviu diversos estudos científicos e dados epidemiológicos para conseguir formular algumas orientações de ação para os profissionais de saúde.

Concluíram que é prioritário melhorar o nível de vitamina D de crianças, adolescentes, adultos e idosos e que essa preocupação deve fazer parte da prática clínica de todos os profissionais.

Estabeleceram como valores de referência: Deficiência: < 20 ng/mL (< 50 nmol/L); Nível sub-ótimo: 20-30 ng/mL (50-75 nmol/L) e Normal: 30-50 ng/mL (75-125 nmol/L).

E fizeram recomendações gerais:
Lactentes 0-6 meses: 400 UI / dia
Crianças de 6-12 meses: 400-600 UI / dia
Crianças / Adolescentes: 600-1,000 UI / dia
Adultos: 800-2,000 UI / dia
Mulheres grávidas: 1.500-2.000 UI / dia

Prematuros: 400-800 UI / dia
As crianças obesas: 1,200-2,000 UI / dia
Adultos obesos: 1,600-4,000 UI / dia
Os trabalhadores nocturnos: 1.000-2.000 UI / dia
Se pelo menos em todos os países a medição da vitamina D fosse generalizada seria mais fácil poder atuar nos níveis baixos que tantas pessoas pelo mundo fora possuem.