terça-feira, 20 de maio de 2014

Vitamina D e o risco de cancro hepatocelular

A Vitamina D (VD) está relacionada com variadíssimos processos biológicos e existe evidência científica actual que tem um papel importante no desenvolvimento e progressão do cancro do fígado.

O cancro hepatocelular (HCC) é a forma mais comum de cancro do fígado, com elevada taxa de mortalidade, e tem vindo aumentar na população europeia.

A revista Hepatology, de 20 de Fevereiro 2014, publica um estudo, intitulado ”Pré–diagnostico dos níveis de Vitamina D e risco de carcinoma hepatocelular em populações europeias”, demonstrando que baixos níveis de VD podem aumentar o risco de HCC.
O estudo abrangeu 520.000 participantes europeus entre os anos 1992 e 2010.
Os autores após análise dos dados referentes à idade, sexo, resultados das colheitas de sangue e local de estudo, concluíram que níveis elevados de VD no pré- diagnostico de HCC estão associados a 49% de redução de risco de desenvolver esta doença.

Nas populações da Europa Ocidental os níveis de VD são inversamente associados ao risco de HCC. Esta conclusão não sofre alteração depois dos ajustes realizados com os biomarcadores já existentes, como infeção por vírus de Hepatite B ou C, e não modificáveis pelo índice da massa corporal ou hábitos tabágicos.

Outro estudo publicado pela revista “Aliment. Pharmacol Ther.” de Março 2014, demonstra que  a deficiência de VD está relacionada com mau prognóstico para os doentes que sofrem de carcinoma hepatocelular. Este estudo, decorreu durante 322 a 1508 dias, realizado em 200 doentes, com diagnóstico confirmado de HCC, e desses, 60 faleceram durante o tempo de observação. A média de VD, medido no sangue destes doentes foi de 17ng/ml (normal 30 a 100ng/ml) no início do estudo. Os doentes com deficiência severa tiveram mortalidade elevada. Baixos níveis de VD estão associados a aumento da mortalidade por HCC independentemente de outros fatores de risco encontrados.
Fonte:
Hepatology, 2014 FEV.20.doi:1002/hep.27079.
Aliment.Pharmacol.Ther.2014 Mar;39(10):1204-12.doi:10.1111/apt.12731.Epub 2004 Mar 29
 
Filomena Vieira
Médica

terça-feira, 13 de maio de 2014

A vitamina D reduz as dores de crescimento das crianças

As dores de crescimento das crianças são dores recorrentes nos membros inferiores muito frequentes que ocorrem no final do dia e à noite. O diagnóstico é feito por exclusão de outras doenças.
Alguns autores consideram que estas dores são devidas um crescimento rápido, que normalmente antecede a puberdade.

A deficiência em vitamina D (VD) é muito frequente em crianças e há autores que consideram que estas dores podem ser causadas por uma menor densidade óssea, como resultado de um baixo nível de VD.

Em estudo recente, com 33 crianças, com idade média de 8 anos, com queixas de dores de crescimento, submetidas a estudos para avaliar densidade óssea, VD, paratormona, fosfatase alcalina e fração óssea, classificaram as crianças segundo o nível de VD apresentado, no sangue:

- Com VD suficiente (igual ou superior a 30ng/ml)
- Com VD insuficiente (entre 20 a 30ng /ml)
- Com VD deficiente (inferior a 20ng/ml)
- Com deficiência severa de VD (inferior a 10ng/ml)
Às crianças com VD suficiente não foi dado suplemento. Às crianças com VD insuficiente foi dado suplemento de VD, 25.000 UI, oral 1 vez por mês durante 3 meses. Às crianças com deficiência foi dado suplemento de VD, 100.000 UI 1 vez por mês durante 3 meses. Às crianças com deficiência de VD severa foi dada 100.000 UI injectável 1 dez por mês durante 3 meses. Todas mantiveram suplementos de VD durante 24 meses (o estudo não revela qual a dose).

Os autores reavaliaram as crianças aos 3 e aos 24 meses e comprovaram neste estudo que a terapêutica com VD melhorou significativamente as queixas dolorosas e em 8 crianças as dores desapareceram completamente. Verificaram que a densidade óssea melhorou em todas elas.
 
Filomena Vieira
Médica

terça-feira, 6 de maio de 2014

Vitamina D e Hipertensão Arterial

A HTA é uma doença crónica causada por uma forte pressão exercida pelo sangue sobre as paredes das artérias. Existem fatores de risco modificáveis como o estilo de vida, a dieta, a obesidade, o tabaco, a diabetes e a falta de exercício físico e outros factores não modificáveis como a idade e o sexo. É uma doença mais comum nos homens, na população idosa, podendo haver história familiar. A melhor forma de a diagnosticar é medi-la com regularidade.

Pode ser assintomática e levar a graves complicações como ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, perda de visão, doença renal, e doença arterial periférica. Por vezes podem surgir crises hipertensivas com sintomas graves como: dores de cabeça, hemorragia nasal, dificuldades respiratórias e ansiedade severa.

Estudos têm demonstrado a existência de receptores de VD nas células musculares da parede das artérias e a VD parece controlar o desenvolvimento destas células e prevenir a perda da elasticidade e a redução do interior dos vasos.
A VD actua no sistema renina–angiotensina,  responsável pelo aumento da TA , apesar de não se saber como este sistema fica activo.

Algumas experiências têm demonstrado que doentes hipertensos que tomam suplementos de VD, têm redução da tensão sistólica (máxima), mas não da diastólica (mínima) e para cada aumento de 10ng/ml de VD, no sangue, corresponde uma redução do risco de desenvolver HTA em 12%.
Indivíduos com elevados níveis de VD têm uma redução de 30% de desenvolver HTA.

Os autores do artigo recomendam: “Se quer prevenir a HTA ou já sofre da doença e quer evitar complicações, tomar 10 000 UI de VD não lhe causa nenhum problema. A exposição solar ajuda a regular a pressão arterial no seu corpo”.

Ainda não está demonstrado que a VD  isoladamente, previna e trate a HTA.
Filomena Vieira
Médica
 

terça-feira, 29 de abril de 2014

Vitamina D, Hormonas esteróides e autoimunidade

A revista Ann. NY. Acad. Sci., Abril 2014, publica um artigo sobre o sinergismo entre Vitamina D(VD) e hormonas e o impacto positivo, indiscutível, na auto-imunidade.

Os metabolitos endógenos da VD, o calcitriol,1,25 (OH)2D3,é uma verdadeira hormona esteróide,  como os glucocorticóides e hormonas sexuais, e exercem actividade imuno modeladora.

A deficiência em VD, 25(OH)D3,  que implica uma redução da 1,25(OH)2D3, é um factor de risco para as doenças auto-imunes e inflamatórias crónicas, como as doenças infecciosas, diabetes tipo 1, esclerose múltipla e  as doenças reumáticas autoimunes (ARI).

Segundo os autores o calcitriol regula a imunidade inata e a adaptativa e existe possível sinergismo com os glucocorticóides. Diversos estudos demonstram que o calcitriol tem efeitos aditivos na inibição, mediada pela dexametasona, na proliferação dos linfócitos e monócitos. Inversamente a deficiência de VD contribui para o aumento da produção de auto anticorpos pelas células B.O declínio sazonal de VD aumenta a incidência de ARD.

O calcitriol parece reduzir a actividade da aromatase (enzima que converte androgénios em estrogénios) e limitar os efeitos negativos do metabolismo dos estrogénios, reduzindo o desenvolvimento do cancro da mama e ovário.
Filomena Vieira
Médica

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Vamos a banhos ... de Sol!

Quanto mais longe viver do equador maior é o risco de vir a sofrer de doenças autoimunes, cancro, doenças cardiovasculares e depressões, porque quanto mais alta for a latitude menos exposição solar e menos produção de Vitamina D.
 
Não pode produzir Vitamina D, nas regiões de altas latitudes, durante o inverno (por ex. países Nórdicos), mas em regiões como Portugal de média latitude, ( 37 º a 42 º Norte), pode apanhar sol entre Maio a Outubro, com boa incidência de radiação solar UVB, para a produção de Vitamina D para todo o ano.
 
Para beneficiar da exposição solar sem riscos para a saúde, deve:
- 1º: determinar o seu tipo de pele (ver post sobre Deixe Entrar o Sol);
- 2º: expôr pelo menos 50 % do corpo (braços e pernas), sem protetor solar durante o tempo necessário a ficar ligeiramente avermelhada. Consulte a tabela abaixo para determinar qual o seu tempo ideal. Não necessita de ir para a praia ou piscina, pode perfeitamente fazer o seu banho de sol durante um passeio ao ar livre, no intervalo de almoço, durante o período de trabalho.
 
A obesidade interfere com a absorção da Vitamina D, e por isso só a exposição solar não basta para prevenir a insuficiência de Vitamina D e necessitará de suplementos durante o Inverno.

Adaptado de Michael F. Holick, Ph.D., M.D.
 
Texto repescado por termos muitas questões nas nossas consultas sobre este assunto.


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Deixe o Sol entrar na sua vida, para ter uma saúde ótima!

Mas por quanto tempo, com ou sem protetor solar?
A melanina é um pigmento que protege a pele naturalmente contra os efeitos nocivos da radiação solar e torna pele bronzeada. Existem 6 tipos de pele, com diferente capacidade de produzir melanina.

Tipo 1 - pele branca, que nunca bronzeia e fica vermelha rapidamente, com queimaduras solares (albinos e alguns nórdicos)
Tipo 2 - dificilmente bronzeia e fica vermelha (nórdicos)
Tipo 3 - por vezes fica vermelha, mas bronzeia gradualmente (povos do Mediterrâneo e Médio – Oriente)
Tipo 4 - raramente se queima e naturalmente bronzeada (indianos e médio-oriente)
Tipo 5 - pele escura, acastanhada (africanos, indianos)
Tipo 6 - pele de cor negra, nunca se queimam e podem permanecer ao sol sem sofrer queimaduras (Africanos).



 
 
A exposição solar em excesso, tem riscos: rugas, manchas na pele e risco de cancro de pele.

Qual a quantidade de sol que será suficiente para pôr os níveis de Vitamina D normais?
Segundo o investigador, Dr.Holick, para o seu corpo produzir 10 000 a 20 000 UI de Vitamina D, necessita de banho solar durante 15 a 30 minutos, na praia, campo ou no quintal, de modo a que pele fique ligeiramente avermelhada, 24 horas após a exposição, 3 vezes por semana e sem protetor solar.

Um protetor solar, fator 8, diminui em 90%, a capacidade da pele produzir Vitamina D. O nosso corpo tem a matéria-prima para produzir Vitamina D, 7-dehidrocolesterol (pró-vitamina D) existente na pele, pronta a ser ativada pela radiação UVB da luz solar. Mas para atuar como hormona, necessita de ser ativada por 2 processos: 1º no fígado e o 2º nos rins. A suplementação de Vitamina D, é necessária se o nível sanguíneo for inferior a 30 ng/mililitro.
 
Durante a exposição solar deve proteger a face e basta expor ao sol cerca de 50% da pele, o que corresponde a área total de braços (18%) e pernas (36%).

Texto repescado por termos muitas questões nas nossas consultas sobre este assunto.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

400 000 UI de Vitamina D reduz a dor e melhora a qualidade de vida

Na revista Euro.J.Gen.Pract. Março 2014, o departamento de Medicina Geral da Universidade de Lyon, França, publica um estudo científico  em que os autores  demonstram o impacto positivo da Vitamina D no controle da dor crónica.
Este estudo, retrospectivo, envolveu doentes com idades entre os 18 anos e os 50 anos que consultaram o seu médico de família por dor musculosquelética difusa, fadiga inexplicável e com deficiência em Vitamina D.

Foram avaliados os níveis de 25(OH)D e escalas de avaliação da dor antes e depois do tratamento .
Os doentes receberam suplementos de Vitamina D, em dose única, de 400 000 UI a 600 000 UI. Os autores verificaram uma melhoria franca nas queixas dolorosas e na qualidade de vida dos doentes.
Para saber mais veja aqui.
 
Filomena Vieira
Médica